Aparição (2016 - 2019)

(Trabalho ainda em processo)

É preciso, pois, fingir não saber quem se refletirá no fundo do espelho e interrogar esse reflexo ao nível de sua existência.

Foucault, As palavras e as coisas.

Desde de 2016 tenho reunido fotografias de cadeiras, tamboretes, bancos, banquetas, etc, que aparecem para mim e para alguns amigos. A palavra aparição no dicionário trás 4 significados que abrem caminho para pensar nessa aparição de cadeiras.

a·pa·ri·ção sf 1. Ato ou efeito de aparecer; surgimento rápido e breve de pessoa ou coisa, aparecimento. 2. Visão repentina de um ser fantástico ou sobrenatural; espectro, fantasma. 6. Origem, princípio ou surgimento de um ser ou de algo. 7. Momento em que um astro começa a se fazer visível ao observador.

As cadeiras que aparecem ou sou eu quem apareço? Diferente de um fantasma, as cadeiras, bancos, tamboretes, etc, se deixam fotografar. Talvez não seja diferente, talvez seja como um fantasma. Não sei muito sobre fantasmas, as fotografias que alguns utilizaram para provar sua existência foram questionadas até o desaparecimento por completo do fantasma - na fotografia. Seria necessário então, duvidarmos do que será mostrado a seguir? Duvidar que essas fotografias carregam em sua imagem cadeiras? O que tem nessas imagens? O que repete em todas? Se o surgimento é a origem de algo, o desaparecimento é o fim? As cadeiras se fazem visíveis quando há alguém para observa-las, os fantasmas também. Duvido do que vejo nas fotografias e aposto nessa dúvida como possibilidade de ver coisas, cadeiras, astros e fantasmas. O exercício aqui foi pensar em uma publicação como maneira de cortar esse conjunto de aparições, de representar e de imprimir aquilo que se faz visível no dia a dia da vida. Talvez, seja uma aposta na publicação como maneira de estender o tempo dessas aparições.

*A publicação ainda não foi realizada